PPBIO - Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Semiárido

PROGRAMA DE PESQUISA EM BIODIVERSIDADE DO SEMIÁRIDO

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Biodiversidade do Semiárido Brasileiro

Biodiversidade do Semiárido Brasileiro

O Brasil abriga a maior biodiversidade do planeta, contando com cerca de 13% da biota global. Trabalhos recentes estimaram a biota brasileira entre 170.000 a 210.000 espécies conhecidas, mas essas estimativas podem aumentar para 1,8 a 2,4 milhões de espécies se considerarmos as espécies desconhecidas. Dado que os Neotrópicos estão entre as grandes regiões menos estudadas, podemos concluir que esses valores são realistas ou até subestimados. Comparando-os com o pequeno número de taxonomistas, vislumbramos a enorme tarefa que apenas começamos a desbravar sobre nossa biodiversidade.

 
O Semi-árido brasileiro está concentrado no Nordeste do Brasil. Apresenta a mais diversa dentre as paisagens brasileiras, tanto em relação a geomorfologia quanto aos tipos de vegetações.
Esta diversidade ambiental se reflete na maior biodiversidade, na taxonomia complicada dos grupos e em padrões biogeográficos complexos em escalas relativamente pequenas. Essa diversidade de paisagens, vegetações e biodiversidade ocorrendo em mosaicos é um enorme desafio não apenas para estudos taxonômicos e ecológicos, mas especialmente para propostas de conservação. Mais recentemente, o governo brasileiro iniciou algumas iniciativas para aprimorar os mecanismos de conservação da biodiversidade da caatinga. Entretanto, essas estratégias sofrem com a falta de dados taxonômicos confiáveis.

Dados empíricos têm mostrado que a eficiência no estabelecimento de áreas prioritárias aumenta quando a lista de espécie para cada área candidata está disponível, e que a vantagem obtida através de levantamentos taxonômicos ultrapassa de longe seus custos. No Semi-árido, porém, a experiência em taxonomia é menor do que nas demais regiões brasileiras, mesmo no Nordeste, que possui a maioria das instituições de ensino e pesquisa no litoral.
 
 
Estes são exemplos de plantas da Paraíba: a ‘macambira’, uma bromélia (Bromelia laciniosa, acima, à esquerda), o popular cacto ‘xiquexique’ (Pilosocereus gounelei, acima, à direita) e a leguminosa Mimosa paraibana (abaixo), espécie endêmica da Paraíba; os dois primeiros são plantas típicas do Semi-árido brasileiro.
 
No Estado da Paraíba destacam-se quatro ecossistemas naturais principais, marcados de diversificada presença da ação antrópica  e diferentes processos de alteração:  Planícies Litorâneas, de Florestas, de Áreas em Transição e de Caatinga. As Planícies Litorâneas e as Florestas situam-se na Zona Litoral-Mata,  as Áreas de Transição, na Zona do AgresteBrejo e a Caatinga, na Zona Semi-Árida, zonas geoeconômicas da Paraíba. Tais limites não são rígidos, podendo haver interpenetrações de um ou mais desses ecossistemas em uma ou mais das três zonas geoeconômicas do Estado.

Os quatro ecossistemas naturais principais são analisados de forma associada às três zonas geoeconômicas do Estado. Os impactos ambientais registrados nos ecossistemas naturais da Paraíba têm provocado graves alterações, principalmente no que diz respeito aos recursos de solo e água, a flora e a fauna. As informações disponíveis informam que das três zonas geoeconômicas do Estado, a Semi-Árida enfrenta forte pressão sobre os recursos disponíveis, em especial os hídricos.  

Nas Zonas Litoral-Mata e do Agreste-Brejo, a pressão sobre a flora assumiu uma magnitude tal que chega a caracterizar a oferta de produtos madeireiros como dependente de outras áreas. A fauna existente na Zona Litoral-Mata tem  sido fortemente afetada. De uma lista de 46 espécies ameaçadas de extinção na Paraíba, conforme estudo da SUDEMA, cerca de 25 têm (ou tinham) seu habitat na Microrregião da Mata Paraibana.

Os problemas observados, na  maioria dos casos, resultam da devastação da cobertura vegeta natural. A paisagem natural dos ambientes costeiros, onde se sobressaem falésias, restingas, dunas, baixos planaltos embocaduras e estuários, vem sendo fortemente afetada. Os prejuízos de ordem ecológica comprometem insensivelmente o potencial turístico da Paraíba. A destruição dos remanescentes da Mata Atlântica e dos cordões de ligação acarretam, além disso, danos irreparáveis à biodiversidade característica dessa formação florestal.

O processo de degradação dos solos evoluídos do Brejo Paraibano, enfatizando-se os Podzólicos das encostas íngremes orientais do Planalto da Borborema e os Latossolos das chãs, resulta da destruição das coroas remanescentes das matas de altitude e da acentuada pressão antrópica. O avanço do desmatamento em direção ao topo das elevações, para expansão da cana-de-açúcar e da pecuária  extensiva tem acelerado o processo erosivo, aumentado a evaporação, com evidentes alterações climáticas, conhecidas como "agrestização" do Brejo e assoreamento das várzeas.

O processo de desertificação já se mostra bastante acentuado nas áreas de caatinga,  principalmente onde os índices pluviométricos são inferiores a 500 mm/ano, a exemplo das Microrregiões do Curimataú Ocidental, Cariri Oriental e Cariri Ocidental, bem como do  Seridó. A ocorrência desse processo registra-se em função do uso de práticas inadequadas na  mineração e agropecuária, sem um devido manejo racional da caatinga, mas sim com uma  forte agressão ao ecossistema, caracterizada pelo desmatamento ilimitado e irracional,  provocando assim impactos cuja versão, se não impossível, é bastante onerosa.  

Na Microrregião da Borborema, uma das mais  ricas em recursos minerais metálicos e não metálicos do Estado, também estão sendo observados graves problemas de poluição referentes à poluição do ar, nas unidades de beneficiamento, às formas de deposição dos resíduos da mineração, à destruição da flora nativa para obtenção da lenha usada como combustível na calcificação do calcário e no beneficiamento da bentonita, e, conseqüentemente na extinção da fauna. 
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